Tem coisa mais linda do que bolo de casamento? nope! Well, talvez bolo de aniversário, pensando melhor todo bolo é maravilhoso, se bem que não, tem gente que é ruim de bolo! Tudo bem, retornemos ao primeiro, tem coisa melhor do que bolo de casamento? well, talvez bolo de aniversário... vixi, terceira tentativa. Tem coisa melhor que bolo de casamento? talvez o bolo da Ivone... Well, aparentemente essa é uma pergunta filosófica demais para mim, preciso meditar um pouco, organizar meus sentimentos e pensamentos...

E se ao invés de fogo tivéssemos pedido à Prometeu a receita do bolo perfeito? Se bem que não foi pedido nosso, foi o sofrimento da humanidade que comoveu-o. Saudades do tempo em que eu podia dedicar meus dias aos clássicos gregos. A mitologia é tão curiosa, complexa... o racismo sobre o qual a sociedade ocidental foi erguida impediu que mitologias de diferentes culturas se espalhassem, não temos acesso à tanta coisa... Quem sabe exista por ai alguma mitologia mais interessante que a grega, Ásia, Áfricas, ou algum titã mais altruísta que Prometeu, quem sabe o melhor bolo do mundo ainda esteja em algum olimpo por aí e nem pela terra andou...

O bolo de casamento, receita de hoje, não veio do olimpo mas atende à minha obsessão pela confeitaria brasileira e portuguesa. Nossa sociedade do açúcar, vide Gilberto Freire, é permeada pela tradição portuguesa em técnicas, sabores e ideias, já avançávamos muito no conceito de Brasil quando finalmente nossa gastronomia ganhou identidade. Não sei se isso é de fato ruim, digo a comida, porque o genocídio indígena, escravização e estupros continuam representando a colonização.




Nossa história faz o que somos, e não há para onde correr, o passado é intocável, vide Ricoeur. Talvez o problema seja o que fazemos com o nosso presente, a escravatura no Brasil foi a mais longa do planeta, o negro escravizado comeu o pão que o diabo amassou, podemos voltar a atrás? não. Podemos corrigir o passado? não. Podemos mudar presente e futuro e impedir que o negro, indígenas e mulheres continuem nessa condição inominável.

O difícil é que racistas votam, racistas se escondem sob o nome de Deus, a habilidade humana de desaprender com o passado é descabida, parece distopia do Lovecraft. Adoro pensar no conceito de Brasil, sempre me fascinou, de história da América a comida, me perco falando em Brasil, my bad! Nossa comida, nossa experiência mais íntima e primária do ponto de vista psicanalítico é dada pelo nosso lugar no mundo, nosso país, nossa tradição, nossa classe social, não sejamos tolos, existem muitos Brasis por aí... mas, nossa cozinha é a nossa cara, uma mistura de muitas terras, aromas e acompanhada da engenhosidade que só nós temos... (para o mal ou para o bem!)

Tenho algumas dicas sobre bolo de casamento: tem que ser gostoso, não do nível que seu padeiro ou confeiteira acha, tem que ser como você quiser, a festa é sua, o dia é seu, mas tem que suportar temperatura alta, razão pela qual alguns preferem usar bolo fantasia na mesa e deixar o de verdade só pra a hora de servir. O bolo de casamento precisa ter camadas e estrutura, suportar o peso do recheios sem desmoronar, ficar bonito na foto e de preferência servir um pedaço generoso na festa... Não pode ter calda molhando as camadas. Sou contra calda molhando bolo, isso é coisa de amador, quer bolo úmido? entenda a química e faça um bolo úmido. Se preferes molhar seu bolo e destruir as bolhas de ar que seu método cremoso conseguiu beleza, mas não deixe seu bolo na mesa.

Quanto mais úmido for seu bolo mais difícil será mantê-lo de pé, diminui sua durabilidade e exige temperaturas abaixo de 15 graus. Outra coisa, se mais do que bolo úmido, você gosta de bolo molhado, no qual é possível sentir a calda, refrigerante ou sei lá o quê, seu negócio é torta, faça uma torta bem lindona de casamento e pronto, todo mundo feliz! Vou postando agora os ingredientes para esse bolo antes que a postagem fique sem fim. Partiu receita? 

Ingredientes do bolo:

6 ovos de galinha feliz;
300g de açúcar;
400g de farinha de trigo;
200ml de óleo de girassol;
2 colheres de sopa de extrato de baunilha;
1 colher e 1/2 de sopa de fermento químico;
180ml de leite integral;

Modo de preparo:

Pré-aqueça o forno à 180 graus. Unte e enfarinhe duas formas de 18cm cobertas com papel manteiga e reserve. Em uma tigela bata os ovos um a um e adicione o açúcar aos poucos, bata até que a mistura seja uma espuma firme e mais espessa, ela ganhará volume mas não muito. Adicione o extrato de baunilha e o óleo e bata, em seguida intercale a farinha de trigo (peneirada) com o leite, lembre-se de diminuir a velocidade se estiveres usando a batedeira. Mistura homogênea e sem gruminhos de farinha é hora de acrescentar o fermento com a ajuda do fouet, mexa delicadamente até incorporar e pronto. Divida a massa entre as formas e asse a 180 graus por 35 min. mais ou menos, faça o teste do palito para se certificar. Retire os bolos do forno e deixe esfriar por 10 minutos, retire-os então da forma e deixe que esfriem por completo em uma grade. Continua na próxima postagem.