O tempo passou e meio que esqueci de contar uma mania meio doida e nascida na infância: sorvete com chuva. Gente como eu amo tomar sorvete em clima chuvoso. Na infância eu saía no meio da maior chuvarada pra ir comprar um pote de sorvete em nossa sorveteria predileta, daí ficávamos eu, minha avó, avô e tia avó tomando sorvete e olhando a chuva pelas janelas... Lembro do barulho das colheres batendo nas canecas e dos riscos que a colher fazia no meu copo de plástico preferido, me lembro do sabor preferido de cada um, do cheiro bom de terra molhada e planta que vinha do quintalzão da minha vó... são muitas as lembranças felizes na minha infância de franjinha e tranças longas...


Volta e meia rola por aqui um sorvetinho com chuva pra minha alegria, mas o sabor do passado é bem outro... Pensando nessa delícia gelada que cai bem em todas as estações do ano, vou postando uma receita base com a qual é possível fazer vários sabores, guardadas as devidas proporções para os ingredientes escolhidos. Partiu receita?


Ingredientes


700 ml de creme de leite com soro (não pode ser o fresco);
7 gemas (galinha caipira);
2/3 de xícara de açúcar demerara;
1 colher de sopa de extrato ou essência de baunilha;
300g de frutas vermelhas bem maduras (de sua preferência);


Modo de preparo:

Em uma panela, sem qualquer odor, coloques creme de leite, as gemas, açúcar e extrato de baunilha, misture bem e leve ao fogo baixo até que o creme esteja espesso. Desligue o fogo e transfira a mistura para uma tigela funda e grandinha, cobrindo o creme com plástico filme em contato. Deixe refrigerar por 24 horas. A ideia é fazer com que a mistura fique bem aromatizada com a baunilha, se for possível usar a fava faça. No dia seguinte retire a mistura da geladeira e comece a bater. Se você dispõe de uma batedeira (não é o caso desta que voz fala) use conforme as instruções. Se fizer com batedeira faça esse processo com todo o carinho do mundo, bata a mistura por 6 minutos a cada duas horas, velocidade média. Ao bater o creme você quebra as moléculas de gelo que começaram a se formar, a ideia é vencer o gelo pelo cansaço. 

Repita o processo por várias vezes, pelo menos umas oito. É possível facilitar o processo através de amido de milho, ágar ágar ou leite condensado mas eu não faço nem recomendo. Odeio sentir o sabor de amido nas receitas (sério, me dá coisas!) e com leite condensado a receita fica calórica demais. Importa dizer que detesto leite condensando na cozinha, pra mim é meio que falta de habilidade ou preguiça de alcançar resultados com um pouco mais de esforço (p.s.: ás vezes é doçura demais e mata os demais ingredientes!), o sabor é ótimo, mas no pudim, no brigadeiro... não no meu sorvete com gemas caipiras! 

Feito o esclarecimento de confeiteira continuemos. Coloque as frutas somente na última vez que for bater. Se você pretende deixar seu sorvete branquinho ou, como eu, preservar o amarelinho das gemas sugiro que suas frutas estejam congeladas. Caso você prefira agregar um pouquinho da cor no sorvete use-as ainda maduras e frescas. Coloque as frutas na tigela e bata em velocidade baixa e pela última vez. Escolhi amoras (eu mesma colhi) e morangos madurinhos. Transfira a mistura para recipiente de congelamento que contenha tampa e aguarde no mínimo seis horas em bom congelador antes de servir. 

Essa receita é bem básica e você pode aromatizar e saborizar como preferir, lembre-se de que em caso de ingredientes muito líquidos é preciso alterar a quantidade de gemas ou acrescentar um pouquinho de amido de milho para alcançar a cremosidade necessária. Vou ficando por aqui e desejando que essa receita linda e deliciosa seja um sucesso por ai, faça chuva ou faça sol! Fui!