Fiquei na dúvida se colocaria esta postagem na série maravilhas do polvilho já que se trata de mandioca mas optei por não. Há um tempinho atrás meu marido tomou a decisão de que não comeria mais muçarela (ahã, esta é a grafia correta em língua portuguesa) o maluco saiu à procura de receitas de mandioqueijo porque lhe disseram ser a última coca-cola do planeta e ótima substituta da amada muçarela (a pessoa abriu dois sites, viu duas receitas e disse que já sabia como fazer), as receitas eram ruins e levavam polvilho. A primeira ficou dura pra caramba e a segunda se parecia muito com um grude que minha avó fazia para substituir a cola nas panfletagens de campanhas eleitorais do meu avô. 


Eu claro ri muito, por dentro, porque se tivesse sorrido por fora teria levado uma bronca ou recebido uma cara de desaprovação bem justa, afinal para me tornar cozinheira de verdade me foi preciso fazer muita traquinagem na cozinha. O tempo passou e a gente meio que esqueceu, ele não tocou mais no assunto e eu fiquei de pesquisar e experimentar novas coisas. Compartilho com vocês um aprendizado pra vida e que ajudou a encontrar a batida perfeita. Na faculdade de letras tive uma matéria maravilhosa chamada morfologia, um dos exercícios consistia em reconhecer características de corpus de línguas totalmente desconhecidas, para fazê-lo era necessário estabelecer um padrão, uma constante: desinências, marcas de verbo, pessoa e tempo, a partir dos traços constantes que  reconhecíamos era possível entender, escrever pequenas frases e até teorizar sobre aqueles signos e sintagmas. (Estudar linguística foi muuuito massa!!) 

Adotei esse método de pesquisa pra vida e faço o mesmo exercício em cada pesquisa. Sempre que busco por receitas online tento descobrir constantes, características comuns que possuam lógica entre sí, algum tipo de similaridade em ingredientes, preparos e tempo de cocção que me permitam estabelecer um grau de probabilidade pra que eu possa começar as experiências. Só pra constar o ditado de que "uma mentira dita muitas vezes se torna verdade" é mais real do que se imagina, pesquisar receitas na internet pode ser a maior furada do mundo (por isso ler bastante é sempre bom!). Fiz meu dever de casa e optei por retirar o polvilho da equação, mudar o tempo de cozimento e não levar a mistura ao fogo, funcionou. Partiu receita?

Ingredientes:

1 kg de mandioca;
1 1/2 de água filtrada;
180g de azeite;
Sal;
Ervas desidratadas;

Modo de preparo:

Cozinhe a mandioca em água filtrada, talvez a quantidade acima não seja exata para você uma vez que depende do tamanho de tua panela de pressão. A ideia é que  a água cubra a mandioca com uma folga de quatro dedos acima. Deixe que cozinhe até que fique bem macia e possa ser totalmente penetrada pelo garfo, aqui levou 20 minutos depois de ouvir a pressão. Quando a mandioca estiver morna leve-a ao processador e acrescente 100g de azeite extra virgem e duas pitadas de sal, processe por aproximadamente 4 minutos ou até que a mistura esteja lisa. A mandioca se homogeniza ao azeite de tal forma que lembra muito um queijo derretido. Conserve refrigerado em recipiente hermeticamente fechado por até duas semanas. 

Para o mandioqueijão o processo é o mesmo, a diferença é que você colocará uma concha da água do cozimento para processar a mandioca. Acrescente as ervas de sua preferência e coloque duas pitadas de sal, aqui em casa usei um pouquinho de orégano, alecrim, tomilho e quase nada de sal pois meu azeite é o puro sabor e o sal às vezes pode atrapalhar. Conserve da mesma maneira que o mandioqueijo e divirta-se nas preparações, aqui na minha quebrada usamos nas pizzas, beijus de tapioca, cuscuz de milho, sanduíches, tortas ou como faz meu marido você pode ir comendo colheradas ao longo do dia para depois culpar o gato pelo fim da guloseima! (só de olho na sua zoeira homem!) Desejo muito mandioqueijo pra vocês porque além de delicioso é um alimento livre de sofrimento animal, faça por ai e me conte aqui embaixo. Bye!