A Taylor lançou um novo álbum The Tortured Poets Departament, eu estava acompanhando a contagem regressiva e assim que o spotify disponibilizou lá estava eu, ouvindo e ouvindo. Hoje, então, decidi ler as críticas, isso porque gosto de acompanhar comentários de quem entende de música, mas é claro que com a Taylor seria diferente, né? Acho divertido reconhecer um pouco da vida dos escritores nos seus próprios textos, mas acho que passam da conta com ela. Na Roling Stone, por exemplo, não há absolutamente nada de útil, a pessoa que escreveu o artigo está literalmente vinculando cada música a um relacionamento da Taylor: na música tal ela lembra seu romance com fulano, na metáfora tal ela se refere à sicrano. Gente, e a música? E qualidade do discurso? E a habilidade narrativa? O Álbum de 31 músicas é boa poesia, sua unidade enquanto tema é sobre crescimento, sobre o que é ser gente grande, sobre o que aprendemos e passa a dever a nós mesmos. 

As letras que encontram ressonância na nossa vida não é porque saímos com fulano ou sicrano, e sim porque experimentamos a vida em contato com o outro e esse contato nos proporciona aprendizado. Eu esperava encontrar nos artigos especializados gente conversando sobre o aspecto musical, as letras de The Tortured Poets Departament tem um imensa vibe de Folklore e Evermore, mas musicalmente falando eles têm uma amplitude pop, com cara de 1989 ou Midnights, além de outras que não posso explicar porque não sei muito de música, mas infelizmente nenhum crítico pode oferecer nenhuma opinião pois estão todos agindo como apresentadores do TV fama. 

No início eu até achava comédia, mas poxa, escrever dá um trabalho enorme, compor uma canção então? Jura que é mais importante saber de que homi a Taylor falava do que conversar sobre a poesia e musicalidade do texto, jura? Graças a Deus Castro Alves esteve livre de redes sociais, imagina! Quer dizer, ele era homem, homem tem licença pra sair com que quiser, certo? Quando o Harry Styles lança um álbum o povo fica se perguntando de quem ele está falando? Quando o Post Malone faz um single o primeiro pensamento é sobre qual ex a música se refere? Não, e sabe por quê? Porque homens têm experiências e aprendizado, enquanto mulheres têm "dor de cotovelo". Ah, por favor, vá tomar banho na soda... ou no cu, a preferência é sua.

A pessoa que escreve pode observar, imaginar e inventar. A habilidade criativa e intelectual de alguém é ignorada se esse alguém é uma mulher que sai com várias pessoas? Gente, a mulher é loura, olhos azuis, 1,90 de altura e paga as próprias contas, quem não quereria sair com ela? Se a Taylor quiser sair com a torcida do flamengo inteira o que temos com isso? Ela pode tanto ter vivido tudo que escreveu, como também ter inventado tudo que escreveu, e daí? Será que podemos falar do que importa e discutir seu texto literário? Será que podemos mergulhar na complexidade intelectual e harmônico de álbum musical sem invadir a privacidade e a vida pessoal do músico?

Em algum momento perturbaram o Agualusa perguntando se a Dona Ludo era vizinha dele? Perguntaram para o Mick Jagger qual das suas músicas era de corno? Cada artista é artesão da sua própria catarse, isso é lindo, não vamos diminuir isso porque estamos falando de uma mulher. Não vá atrás da vida pessoal de alguém para ouvir sua música ou ler seu livro, se você tem assim tanto tempo nas mãos tem um bocado de calçadas para varrer e colégio público precisando de reboco nas paredes, sério, é minha dica. Outra coisa, quando um músico soltar um álbum musical que tal se falarmos da música? Se eu quisesse saber da vida dos outros eu iria ler capricho ou Hugo Gloss.

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